Diário do Mercado na 5ª feira, 30.03.2017
Foram destaques o Relatório de inflação do Banco Central,
o ajuste fiscal da União e PIB dos EUA.
Resumo.
Na noite de 4ª feira, 29.03, o governo federal divulgou medidas visando equilibrar suas contas e cumprir o déficit fiscal primário do governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central), visto que detectou um adicional déficit de R$58,2 bilhões.
A cobertura do saldo negativo adveio do corte de R$ 42,1 bilhões nas despesas do ministérios, por R$ 4,8 bilhões da retirada parcial da desoneração de benefícios fiscais e por R$ 1,2 bilhões da elevação da alíquota de IOF (imposto sobre operações financeiras) sobre operações financeiras de cooperativas de crédito, além da arrecadação extra de R$10,1 bilhões com a alienação este ano de quatro hidrelétricas devolvidas anteriormente pela Cemig.
Essas providências já vinham sendo discutidas e ventiladas desde a semana passada e o mercado considerou favorável a tempestiva postura governamental, que está se empenhando em observar o déficit fiscal previamente estipulado em R$ 139 bilhões (cerca de 2,1% do PIB) para 2017.
No âmbito inflacionário, dados favoráveis do RTI do Bacen – considerado objetivo na comunicação com o mercado – praticamente sepultaram apostas diferentes de um corte de 100 pts-base na decisão do Copom, em 12 de abril próximo. No exterior, dados fortes da economia norte-americana acenderam uma luz amarela no mercado, que pode passar a considerar uma contração monetária pelo Fed maior do que a esperada ainda este ano.
Ibovespa.
Exaurido após uma sequência de seis altas consecutivas, o mercado acionário brasileiro teve um dia de realização, puxado especialmente pelo setor bancário e pela Vale.
O Ibovespa findou aos 65.265 pontos (-0,40%), com giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 6,61 bilhões, sendo R$ 6,44 bilhões no mercado à vista.
Agenda Econômica. No Brasil, o IGP-M variou +0,01% em março, ante o +0,08% apurado em fevereiro e abaixo do consenso de mercado, em +0,05%.
O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Bacen solidificou as apostas do mercado quanto ao próximo corte na Selic, ao citar que o atual cenário “fortalece a possibilidade de uma intensificação moderada do ritmo de flexibilização da política monetária, em relação ao ritmo imprimido nas duas últimas reuniões do Copom”.
A autoridade ainda trouxe uma significativa alteração na projeção de inflação ao término de 2017, a fatores de mercado, para 4,0% (4,7% antes), mencionando inclusive chances desta findar o ano abaixo da meta central (4,50%).
Em nossa visão, ainda que o viés inflacionário permaneça bastante favorável, entendemos que o ritmo dos cortes deve sofrer uma pausa no 2º semestre deste ano e, neste momento, nos posicionamo mais céticos do que o mercado, projetando a taxa Selic a 9,75% para 2017.
As vendas no varejo (IBGE) no conceito restrito (que exclui itens voláteis como veículos e peças bem como materiais de construção) recuaram 0,7% em janeiro ante dezembro, decepcionando os agentes ao virem abaixo do consenso de +0,5% e aquém do piso das estimativas.
Acreditamos, no entanto, em uma provável reação nos próximos meses, visto que já ocorreu crescimento dos índices de confiança tanto do consumidor quanto da indústria, em parte calcado pela queda da Selic em andamento.
Nos EUA, a terceira estimativa do PIB do 4T16 (taxa anualizada) foi revista de 1,9% para 2,1%, superando as estimativas, que apontavam para 2,0%. Na decomposição, o destaque ficou por conta do consumo, que acelerou para 3,5% ante 3,0% na prévia anterior.
Câmbio e CDS. O dólar fortaleceu-se ante a ampla maioria das moedas no mercado global, seguindo dados considerados fortes da economia nos EUA. No interbancário, a divisa findou a sessão cotada aos R$ 3,1460 (+0,93%). O CDS brasileiro de 5 anos, oscilava aos 230 pts ante 229 pts da véspera.
Juros.
As apostas quanto ao corte na Selic na próxima decisão do Copom, no dia 12/04, que começavam a ensaiar deslize para 125 pontos, minguaram após a leitura do RTI do Bacen. Com isso, houve avanço ao longo da curva de juros, em especial na ponta curta.
Para amanhã.
A agenda fecha a semana forte, trazendo destacadamente no Brasil a taxa de desemprego, o primário do setor público consolidado e a atividade econômica (IBC-Br), e nos EUA, a inflação medida pelo PCE e índice de confiança pela Univ.de Michigan.
Confira na íntegra o relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 30.03.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Senior, e RAFAEL REIS, CNPI-P Analista, ambos do BB Investimentos